Quando a Herman Miller fez o primeiro contato com o escritório de design Studio 7.5, o quarteto à frente da equipe – Carola Zwick, Roland Zwick, Claudia Plikat e Burkhard Schmitz – mal pôde acreditar. Era um convite para que desenvolvessem uma peça de mobiliário. No entusiasmo, eles propuseram um sistema inspirado no Action Office, de Robert Propst e George Nelson.
“É claro que não ganhamos o concurso”, disse Schmitz em entrevista à Stylepark. Porém a marca norte-americana notou o potencial do time que se tornaria um de seus principais colaboradores. Não demorou muito tempo para que as conversas entre eles fosse retomada. Desta vez, a demanda era ainda mais exigente: alcançar uma ergonomia comparável à da célebre Aeron, reduzindo o preço final em vinte por cento.
Cinco anos foram necessários para que se concluísse o projeto, que culminou com o lançamento da cadeira Mirra, em 2003. A equipe, porém, disse a si mesma que nunca trabalharia com os mesmos métodos, pois o desenvolvimento do produto durara três anos a mais que o previsto.
“Felizmente, em algum momento”, diz Roland, “Bill Stumpf, sentou-se em um de nossos protótipos”. “É como tirar um carro de luxo da garagem,” disse o especialista em ergonomia e criador da Aeron. O elogio foi uma salvação, recompensada com o inequívoco sucesso da primeira versão da Mirra.
Iniciado alguns anos depois, o projeto da Setu foi apresentado à Herman Miller já na fase de experimentações. Guiados pela percepção de que faltava à indústria moveleira uma cadeira de trabalho de facílimo ajuste, eles chegaram a uma inovação esplêndida, que posteriormente o MIT definiu como “mecanismo compatível”. Como explica Schmitz, “são elementos feitos de uma só peça, mas ainda assim flexíveis, que permitem à cadeira acompanhar os movimentos do usuário”.
Com tamanho êxito, o Studio 7.5 tomou coragem e procurou a Herman Miller com a proposta de criar uma segunda versão da Mirra. Inicialmente, a resposta foi pouco entusiasmada, mas Burkhard lembrou a Brian Walker, então CEO da marca norte-americana, a analogia de Bill Stumpf:
“A Mirra é como um Jaguar, uma BMW, portanto ela precisa de continuidade.”
Um aspecto em que a Mirra 2 representa um avanço em relação a sua predecessora é a flexibilidade de seu espaldar, alcançada mediante a utilização do polietileno em pontos que eram de aço. Trata-se também de um produto que precisa de uma menor quantidade de materiais para ser fabricado, o que é um dos segredos da sustentabilidade.
Em seguida, o Studio 7.5 lançou-se ao projeto da Cosm. Tal como a Setu, a Cosm possui uma superfície de tela de ponta a ponta, e tal como a Mirra 2, ela é dotada de um suporte central que estabiliza seu espaldar. O conceito de conforto instantâneo, já presente na Setu, é levado nela a um outro nível, graças a seu mecanismo de reclínio, que exigiu dezoito anos de trabalho para ser desenvolvido.
A flexibilidade se manteve como uma ideia central no desenvolvimento da cadeira mais recente da parceria entre o Studio 7.5 e a Herman Miller, a Zeph. O intuito que norteou o projeto foi o de criar uma cadeira no clássico formato de concha que tivesse boa ergonomia, movimentando-se graças ao mecanismo de reclínio acionado por mola. Segundo Carola Zwick, o intuito é “convidar uma variedade de gostos e permitir que os usuários se divirtam”.